Hábito de homens se fantasiarem de mulher no Carnaval é um ritual de inversão
Fonte: Hoje em dia
O carnaval de 2014 expõe novamente um hábito bastante comum entre os homens, durante bailes e desfiles que festejam a data: usar fantasias de mulher. Na avaliação da socióloga Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudo de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, o costume poderia surpreender nos anos de 1940, no Rio de Janeiro, mas atualmente "já se tornou quase um lugar comum".
Ela explicou à Agência Brasil que a preferência dos rapazes por usar roupas femininas no carnaval revela uma vontade de transgredir. "Esse atravessamento de gênero, justamente de homens fortes vestidos com roupas de mulher, com salto alto, se tornou uma marca do carnaval, que acentua, na cultura brasileira, esse momento de transgredir com uma série de coisas".
Segundo a socióloga, a transgressão de gênero é a mais simples de ser produzida com uma fantasia. "Por outro lado, é a mais surpreendente. Virou uma marca, realmente, do carnaval carioca".
O que chama a atenção, acrescentou, é que ao contrário dos anos de 1940, quando os blocos eram mais restritos, hoje são milhares de pessoas pelas ruas durante o carnaval. Destacou que não se deve interpretar o uso de fantasias femininas por homens como uma postura rebelde em relação à visão de gênero. "É o reforço do cotidiano, porque você só pode fazer isso no carnaval. Ou seja, durante 362 dias da vida, as pessoas têm que agir como homem e como mulher. E no carnaval, elas são liberadas", disse.
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